Penso que a melhor forma de se avaliar a grandeza de uma ação alheia é tentar nos colocar no lugar da pessoa que agiu, na época em que este ato foi concretizado e então, imaginar como teria sido conosco…
Dito isto, peço que você, leitor, se imagine com 43 anos de idade e vivendo na década de 1950, precisamente em 1953, quando Getúlio Vargas era o presidente do Brasil, Brasília ainda não existia, a Segunda Guerra Mundial havia terminado poucos anos atrás, televisão era para poucos, celular, computador, internet e inúmeros produtos corriqueiros hoje em dia, simplesmente inexistiam. Cinquenta por cento da população brasileira era de analfabetos e vinte e quatro por cento da população rural migrara para as cidades. As estradas eram precárias e a oferta de produtos, escassa.
O bairro Bom Pastor em Juiz de Fora apenas nascia. Era um bairro limítrofe da cidade onde havia poucas casas, ruas sem calçamento, muito barro quando chovia e a praça de hoje, era um grande lago.
Imagine-se nesse cenário e você poderá avaliar a grandeza do General Oswaldo Duarte Corrêa Barbosa que preocupado com o saudável desenvolvimento físico, emocional e social de suas filhas lançou a ideia de se criar meios para que os jovens do bairro pudessem praticar esportes e consolidou seus ideais com a criação do Clube Bom Pastor que, ganhando lotes e edificando paredes foi a cada dia tomando corpo e se firmando na cidade de Juiz de Fora.
General Oswaldo, como era conhecido, colocou a “mão na massa” e muito se empenhou para o desenvolvimento e crescimento sadio do Clube Bom Pastor para o qual dedicou grande parte de seu tempo, sendo diretor do Clube por décadas.
O apoio ao esporte, uma de suas bandeiras, de tão bem incutido no meio social do Clube Bom Pastor, transformou esta associação numa tradicional formadora de talentos esportivos e de cidadãos conscientes e saudáveis, que vivenciaram o esporte nas dependências do Clube, aprendendo valores que transformam e dignificam o ser humano.
Uma de suas grandes qualidades foi a honradez e seriedade no trato das questões do Clube. Não há nada em sua biografia junto à esta instituição capaz de manchar sua história.
O Clube Bom Pastor deve muito ao General Oswaldo.
Mas seus feitos não se resumem a ter sido um dos criadores do Clube. Limitar sua história a esse fato é fazer-lhe uma grande injustiça, pois sua principal obra não foi esta.
Terceiro filho, Oswaldo teve mais sete irmãos, casou-se com Eddy e com ela uma grande e unida família se formou. D. Eddy, podemos dizer, foi uma mulher que viveu à frente de seu tempo. Posicionava-se, não se limitando a obedecer o marido (coisa comum às famílias patriarcais de anos atrás). Foi uma grande companheira, inclusive na solidificação do Clube Bom Pastor ao qual também dedicou muito do seu tempo.
Junto com D. Eddy, General Oswaldo criou a sua mais importante e valorizada obra na vida: a sua família. De suas três filhas vieram onze netos e depois dezoito bisnetos e inclusive um tataraneto.
E o General Oswaldo, quem o conheceu pode confirmar, sabia conversar com todas as gerações, desde as filhas até o mais novo integrante da família. Falava e sabia ouvir. Perguntava e gostava que lhe indagassem histórias vividas. Mas não se prendia ao passado. Tinha uma excelente memória e dela se utilizava, mas nunca com saudosismo tristonho.
Viu falecerem seus sete irmãos e muitos de seus amigos do passado (ou todos).
Viveu 105 anos com uma sabedoria de fazer inveja, um positivismo característico e uma simplicidade contagiante. Nunca se gabava de ter feito isto ou aquilo. Sua história cumpria de fazer isso por ele.
Sr. Oswaldo, um homem de família, íntegro, educado, generoso, amigo de todo mundo acaba de nos deixar, mas bem antes disso ele já nos deixara um legado de “como viver” que poucas pessoas são capazes de fazê-lo.
A Diretoria do Clube Bom Pastor e os muitos associados que o conheceram só tem a agradecer-lhe, General Oswaldo por tudo aquilo que fez.
Pessoalmente, agradeço ao Senhor por ter me permitido conviver com essa grande pessoa humana de inúmeras qualidades.
Luís Fernando Soares Bartholomeu
1º Diretor Tesoureiro